terça-feira, 31 de maio de 2011

Atividade 3 da Gincana de Genética - Fichamentos

A Engenharia Genética
CANDEIAS, José Alberto Neves. A engenharia genética. Rev. Saúde Pública [online]. 1991, vol.25, n.1, pp. 3-10. ISSN 0034-8910.

"Falar de engenharia genética é caracterizar um conjunto de processos que permitem a manipulação do genoma de microrganismos vivos, com a conseqüente alteração das capacidades de cada espécie." (p.3)


"O que ocorreu foi a aquisição de novos conhecimentos fundamentais, como o esclarecimento da estrutura do ADN, e o ter sido possível decifrar o código genético, depois de serem caracterizados seus padrões fundamentais: cada codon corresponde a um só aminoácido, ainda que diferentes codons possam especificar o mesmo aminoácido; os dois primeiros nucleotídeos são, em geral, suficientes para especificar determinado aminoácido; codons com seqüências semelhantes especificam quimicamente os mesmos aminoácidos." (p.3)


"As técnicas de engenharia genética ou, mais corretamente, a tecnologia de ADN recombinante (ADNr), começaram a ser definidas no início do ano de 1970, com a utilização de vetores de clonagem, em geral, plasmídeos e genomas virais, lançando-se mãos das chamadas enzimas de restrição que permitiam cortar o ADN em pontos bem definidos, isolando-se assim fragmentos de ácido nucléico passíveis de serem introduzidos no genoma de um organismo com moléculas idênticas de ADN. É a chamada clonagem molecular, em que, numa primeira operação, repetimos, se procede ao corte da molécula do ácido nucléico e, numa segunda fase, à inserção do fragmento do ADN no ácido nucléico de uma célula hospedeira compatível." (p.3)

"Os plasmídeos encontram-se em bactérias e em algumas leveduras e têm a capacidade de duplicar-se autonomamente, possuindo, em geral, genes que lhes conferem resistência a antibióticos, como a ampicilina e a tetraciclina. São estes genes que permitem distinguir células hospedeiras que possuem o ADNr das células que não o possuem."(p.4)

"Outros vetores de clonagem são os bacteriófagos, que, uma vez enxertados com ADNr, podem ser introduzidos na célula hospedeira por um processo de infecção. Podemos ainda usar os chamados cosmídeos que são vectores genéticos mistos, com um gene que confere resistência a antibióticos, com a origem de replicação de um plasmídeo, com a extremidade "cohesiva" de ADN do bacteriófago lambda e com seqüências de restrição às quais podem unir-se fragmentos de ácido nucléico exógeno de até 45Kb de tamanho, capacidade muito superior à dos outros vetores." (p.4)

"Os elementos que formam os bancos genômicos são, como já referimos, clones de ADN do genoma de determinado organismo vivo, clones estes obtidos com vetores como, por exemplo, bacteriófagos, que aceitam inserções de grandes tamanhos. Estas inserções têm a vantagem de permitir a obtenção de todo o genoma em um número reduzido de clones, ou, por vezes, do gene intacto em um único clone." (p.4)

"A identificação do clone pode ser feita por hibridização de sondas de ADN ou ARN marcadas radioativamente, com as bases complementares do clone, sendo a localização feita por autoradiografia. Quando um fragmento de ADN clonado é transcrito e traduzido in vivo, a proteína resultante pode ser identificada imunologicamente, desde que se possua o anticorpo específico, em geral, marcado com I-125. Trata-se de um outro processo de identificação." (p.5)

"Excluídas as referências já feitas a propósito da produção de antibióticos, hormônios e vacinas, algumas das outras áreas de aplicação das técnicas de ADNr no campo da medicina humana são o diagnóstico e a terapêutica genética." (p.6)

"O uso terapêutico dos anticorpos monoclonais abrange diversas modalidades, como a soroterapia, a terapia de certos tumores malignos, onde se processa a lise das células tumorais na presença de toxinas e complemento, ou como agentes de imunodepressão. Na soroterapia com anticorpos monoclonais que, obviamente, terão de provir de hibridomas humanos, o elevado grau de pureza dos mesmos impede o surgimento de reações indesejáveis de tipo anafilático. No tratamento de certos tumores malignos a eficiência dos anticorpos monoclonais é, por enquanto, de valor discutível, uma vez que estes se fixam tanto a antígenos de superfície de células tumorais, como de células normais, mesmo expressando aquelas alguns antígenos diferentes das células normais. As células tumorais possuem antígenos específicos próprios, mas obviamente, também expressam os antígenos das células normais. Para melhorar a seletividade têm sido usadas toxinas de ação citocida conjugadas com anticorpos monoclonais." (p.7)

"Em 1976 as pesquisas com ADNr, em desenvolvimento na Universidade de Harward e no Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), foram suspensas temporariamente, pela administração da cidade de Cambridge, Estado de Massachusets (EUA). A alegação para tal intervenção baseou-se no fato de não ter havido ainda consenso, entre os cientistas, sobre os verdadeiros riscos que o processo envolvia. Esta situação, com argumentos e contra-argumentos, prolongou-se por cerca de um ano, quando voltaram a ser liberadas as pesquisas, sob determinadas condições, que obrigavam à rígida submissão às normas estabelecidas pelo "National Institut of Health" (NIH). E a questão ficou encerrada, não sem que, até hoje,
novas diretrizes continuem sendo estabelecidas." (p.8)

"A técnica do ADNr é também de enorme utilidade na área da biologia molecular e bioquímica, como no estudo de propriedades enzimáticas de determinada proteína passível de ser obtida em grandes quantidades com a implantação do gene codificador da mesma no fago lambda. Os estudos de regulação da síntese de um ARN mensageiro, ou, ainda, as pesquisas in vitro da mutagenese dirigida, são outros campos onde a engenharia genética tem excelente uso." (p.9)

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